Na madrugada nublada e fria de sábado para domingo, Macau amanhece de luto, Do céu caem lágrimas de tristeza...
Nos últimos meses perdemos pessoas muito queridas, primeiro o Poeta Benito Barros, depois o saudoso Pe. Penha e agora o nosso querido Maestro Castro.
Cícero Martins de Castro, o maestro, o amigo.
Por trás daquela imagem criada por uma minoria de pessoas que o julgavam como um velho chato, turrão, ignorante, autoritário e por muitos até visto como mal educado, se escondia um grande homem, amante da música, solidário, sorridente e amigo. Dedicou mais da metade da sua vida a música, ensinando não só apenas algumas notas aos seus “teimosos” alunos, Ele ensinou os meninos de ontem a serem os homens de hoje. É de total conhecimento a sua luta incansável contra as drogas, a prostituição e outros males que inflamam a sociedade, principalmente a juventude. Todos nós músicos devemos muito ao maestro Castro, somos testemunhas das suas conquistas e de suas batalhas persistentes para que os nossos direitos fossem sempre preservados, instrumentos, fardamento, salário e esta bela sede, uma das melhores de todo o estado, não há como ver a Filarmônica Monsenhor Honório e não se lembrar de Castro. Nesses meus 12 anos de convívio com ele pude descobrir o “ser humano” fantástico e de enorme coração e bondade que existia por trás daquela armadura rígida e severa que muitos até hoje ainda tinham medo. Tudo que sei e que sou, devo muito aos seus ensinamentos, lições, gritos e “puxões” de orelha que em mim foram poucos, pois sempre fiz de tudo pra seguir a risca as normas e exigências estabelecidas. Lembro com saudade do meu início na Filarmônica, cada lição dada, o primeiro contato com meu clarinete... Eu ainda menino por muitas vezes citado como exemplo de comportamento e dedicação diante dos demais músicos. O Senhor Dizia: Adjael, quantos vezes eu lhe gritei? Quantas vezes eu te mandei pra casa? O silencio tomava conta da sede e eu cabisbaixo ficava com um sorriso enorme dentro de mim. O tempo passou o menino virou homem, daí veio o seu desapontamento comigo por alguns erros que cometi, mais mesmo assim não foram motivos para o senhor se afastar de mim, nos momentos que mais precisei de um amigo o senhor estava do meu lado, me ouvindo, me aconselhando, e ficando sempre a disposição, sempre admirei a confiança que tinha em mim. Devo uma gratidão enorme por tudo que me ensinou, pelo apoio e pela sua estima. É com grande tristeza que hoje perco não apenas o maestro Castro, perco um exemplo de vida, e mais que tudo, perco um verdadeiro AMIGO. Não sei se o senhor sabia mais eu o tinha como um segundo pai.
Meu querido, meu velho, meu amigo.
Eternas saudades, descanse em paz!
Adjael Costa
20/02/11